O Bitcoin permanece travado em uma faixa de consolidação apertada, entre US$ 100 mil e US$ 110 mil, à medida que o mercado busca um catalisador decisivo para retomar tendência clara.
A máxima histórica de janeiro, em US$ 109.590, ainda atua como resistência chave, enquanto o suporte se mantém firme no Short-Term Holder Realised Price (STH-RP) — atualmente na faixa de US$ 98.220 a US$ 99.474.

Equilíbrio delicado: estrutura sólida, mas compradores cautelosos

Apesar do recente rebound dos níveis abaixo de US$ 100K, o movimento ainda carece de força para romper a faixa superior. O suporte contínuo no STH-RP, no entanto, confirma que a estrutura on-chain segue robusta, impulsionada principalmente por fluxos institucionais via ETFs e estratégias corporativas de tesouraria.

Por outro lado, a queda no open interest agregado, além da retração nas posições de grandes carteiras (whales), revela uma postura mais cautelosa dos players experientes.

Cenário macro dos EUA: sinais de desaceleração

O pano de fundo macroeconômico reforça esse tom de incerteza. Os dados de junho revelaram um mercado de trabalho perdendo fôlego: foram 147.000 vagas criadas, mas quase metade disso vem de contratações sazonais no setor público. No setor privado, a criação de empregos caiu para o ritmo mais lento em oito meses.
Indústrias como manufatura e comércio atacadista cortaram vagas, enquanto a taxa de participação recuou — mascarando o aumento do desemprego de longa duração.

Indicadores como salários em desaceleração, jornada média mais curta e queda nas horas trabalhadas expõem um consumo mais fraco à frente. Já o PMI Industrial (ISM) segue abaixo de 50 pelo quarto mês consecutivo, indicando pressão contínua sobre o setor produtivo.

Em meio a isso, o Federal Reserve mantém postura de cautela, devendo segurar os juros no curto prazo — mas o mercado já aposta em possíveis cortes até o fim do ano, caso o enfraquecimento avance.

Cripto diverge do cenário tradicional: novos ETFs e estratégias de tesouraria

Enquanto a economia tradicional opera sob nuvens cinzentas, o setor cripto avança. A estreia do primeiro ETF de staking da Solana (SSK) marcou um marco: US$ 33 milhões em volume no primeiro dia e yields de 5% a 7% reforçam a posição de Solana como ativo elegível em mercados regulados.

Já no Bitcoin, estratégias corporativas de tesouraria continuam ganhando força:

  • A espanhola Vanadi Coffee deu uma guinada ousada, trocando o café pelo Bitcoin, com meta de € 1 bilhão em exposição — apesar de questionamentos sobre sua saúde financeira.
  • Em Tóquio, a Metaplanet intensificou seu plano: comprou mais 2.205 BTC, elevando o total para 15.555 BTC, com ambição de chegar a 210.000 BTC até 2027 e se consolidar como maior tesouraria corporativa em Bitcoin da Ásia.

O recado do mercado

Essa dissonância entre o ambiente macro e os movimentos cripto reforça um recado: em tempos de incerteza econômica, ativos digitais como Bitcoin e Solana são cada vez mais vistos como ferramentas de diversificação, proteção contra inflação e geradores de yield — atraindo capital institucional que busca novas alternativas de alocação.

No curto prazo, o Bitcoin segue bem ancorado, enquanto o mercado observa:

  • O STH-RP como suporte técnico essencial,
  • ETFs e tesourarias como suporte estrutural,
  • E um cenário macro que, mesmo instável, pode impulsionar novos fluxos para ativos escassos e líquidos.
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